11 de dezembro de 2005

39° Postagem

então...pausa no 1° ano...só p/ postar as últimas poesias...antes q se percam...

Fui ao bosque procurar o que faltava em mim,
Procurar algo para completar minha alma.
Densa chuva cinzenta a cair como pensamento
Inundando meu âmago com dolorosa calma.
Essa busca desesperada de substância intrínseca
É como o próprio bosque, vazio, e escuro, e frio:
Gigantes troncos fincados sem mobilidade
Com ínfimas copas verdes, as quais espio.
E o chão, coberto de folhas secas tem cheiro
De morte, amarga companheira inevitável.
E o que resta de verdes e delicadas folhas
À deriva é devorado pelos vermes, destino afável.
Até o cheiro da terra é úmido e mórbido,
Inóspita em sua essência, é o fim da cobertura.
E tanto se assemelha a imagem minha com a do bosque
Que é como o espelho que une o criador à criatura.
Quanto mais me aventuro a adentrar neste lugar,
Mais difícil é a visão pois encobre tudo a neblina,
E quando chego ao centro e paro de alma tonta
Percebo aos meus pés uma frágil flor que germina.
Estranhando este sopro de vida parado, singelo à minha frente,
Me vem o entendimento simples e cru, antes bloqueado.
E a obviedade de tudo me traz um sorriso à face
Irônico, a verdade é como um pano bordado...
Ali tudo fez-se claro, neste instante lacônico,
De nada eu precisava que não tivesse em mim,
Um simples e ilusório sentimento que todos temos;
A esperança de haver beleza mesmo no pior lugar enfim...
E agora sei como o vento, estampado em meu espírito
Que fui ao bosque entender o que guardava secreto em mim.

Marcelo P. Albuquerque

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