6 de maio de 2011

Confusão entre-linhas

Pedras, dedos, tampinhas, sementes, bolinhas de gude,
Não estruturados no papel-corrente.
Podemos simbolizar na etérea marca do lápis
E a eterna marca da infância cai impressa na gente...
A marca da infância...grafia precoce da vida
Que aos poucos usa a linguagem como via sacra e certeira,
E o barro úmido e virgem que é a nossa essência
Vai perdendo a fluidez, a malemolência faceira...
E passamos a registrar, e registramos, e o registro anti-sentimental
Se torna realidade até que a arte se torna fuga,
E o que era empírico e "sólido" vira sublimação
No pincel, no art-design e na ibérica língua lusa.
E assim vamos matando o alter ego criativo
E engessando a vida em protocolo moroso,
7 minutos pra ser "livre", frente à folha cinza
Que é o verso do texto de algum estudioso.

E assim, quando resolvemos traduzir a frustração
O cesto está tão cheio que as roupas sujas transbordam.
As ideias fogem a galope montadas nas palavras
E somem o nexo, o sentido, as rimas, e até os verbos se vão...

MPA.